domingo, 7 de junho de 2015

A praia


Há dias em que tenho a sensação que a felicidade me torna insignificante, desprovida de emoções profundas.

Parece que a tristeza me torna especial e única; um ser cheio de conteúdos complexos, melancólicos e angustiantes. É aí que me torno diferente dos demais.

Na felicidade sou mais uma tonta sorridente, sem preocupações reais ou existenciais. Sou um ser bidimensional, sem relevos ou texturas, simplesmente plana e atoleimada.

A felicidade traz a esperança, traz a luz, mas em nada traz o pensamento e a profundidade.

A felicidade torna-se triste de tão volátil e efémera que é.
A felicidade, essa que nunca é tangivel e muito menos palpável.
A felicidade é exactamente igual à areia: já colocada na mão, escorrega por entre os dedos e por mais movimentos que façamos para a reter, ela acaba sempre por fugir. Ficam apenas pequenos grãos, colados devido à transpiração da mão, como se de memórias se tratassem, deixando-nos na ansiedade da expeactativa da próxima mão de areia.

Como somos tolos, sabendo à partida que ela nos vai fugir de novo, garantidamente, em insistirmos na sua procura, para entao ficarmos de novo com aqueles grãos colados na mão.

humm....e quão preciosos sao esses pequenos grãos...

Mas para quê querermos esses poucos grãos presos às nossas mãos, se livres podem formar dunas com curvas envolventes, praias imensas e pequenos paraísos, e se livres nos proporcionam aquela sensação tão boa dos pés envolvidos e o corpo acolhido quando neles deitado?!

humm...que bom que é chegar a casa e ter os ditos grãos colados nos pés dando-nos o passaporte da lembrança sobre a viagem àquela praia.