quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dando corda...

Sentada, ao som de uma bela caixinha mágica, acabada de oferecer...

Não há lugar melhor onde estar. O deserto da sala acolhe-me, o silêncio da televisão ligada satisfaz-me, a lembrança das mensagens recebidas.

Dou mais corda à dita caixa...

Ao som da melodia mais doce sinto a ultrapassar-me, tranportando-me para as não memórias de um passado pouco distante, mas sim para a emoção a que me reporta.

Reforço a corda...

Reflicto sobre aqueles que gostaria de ter comigo. Pena o tempo não nos permitir estar com eles como desejamos. Por momentos sinto a angústia da perda a invadir-me, mas não lhe permito que se instale.

Dou mais um pouco de corda...

Relembro um outro som muito familiar; o som do acordeão, a tocar valsas, com o ruído de fundo do seu ar já gasto. Uma outra melodia me vem à cabeça; o da primeira caixinha melódica pela qual me apaixonei. Era uma caixa forrada com veludo azul escuro, com uma santa protegida com um vidro, emoldurado por madeira escura, com trabalhados dourados. Saudades!

Corda...

A escrita conforta-me.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Demanda

Porque é que te tenho e não te possuo?!
Estás em mim, mas não és meu.
Que te diga ou que te faça,
Nada me indica como se desenlaça.

Espero-te no conforto da minha inquietude.
Procuro-te no conformismo dos meus sonhos.
Não sei se te quero, sei que te transporto.
Não sei a quem pertences, nem a quem te dar.

Sou mensageiro de ti,
um invólucro cheio de segredos por desvendar.
Estarei em paz por fim,
Quando ao destinatário te entregar.

Já te sinto meu,
Não sei se te quero perder,
Depois de em mim te acomodar,
Não sei se essa paz vou alcançar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Precipício


A altura de nós...
O momento decisivo, em que a escolha é tomada: o salto para o desconhecido.
O receio do que virá e a curiosidade do inalcançável.
A angústia de dar o passo, a incerteza do movimento espontâneo.
O salto...
Então, a descoberta inicia-se, a expansão de nós pelo corpo e para além dele.
A satisfação da viagem pela nossa altura, que desconhecida se mantém, e que depois do primeiro impulso nos garante que não há chão, não há limites na queda.
O desapegar de tudo, abandonando-nos de nós e ligando-nos ao mundo.

Curioso...como o encontro do ser começa com o desapego do próprio e pela sua evaporação pelo mundo.

É só um pensamento...

O abraço

A importância do silêncio,
O vazio de um momento,
A profundidade de um carinho,
A simplicidade de uma intenção.

A pequena flor,
De seu ar tão frágil,
Tão simples no seu gesto,
Tão forte na sua vontade.

Assim se resume o abraço;
Grandioso na sua intensidade,
Puro na sua existência,
Poderoso na sua mensagem.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Desconhecido


Porque te procuro e não te encontro
Ser escondido, que na escuridão te isolas
Que no fundo do meu ser te refugias
E nada em mim consigo encontrar.

Chamo por ti sem resposta,
Acredito em ti sem ter prova.
Quando voltares estarei aqui,
Esperando pela tua força
Que em mim tudo esclarece.

És momentos de mim!
Resquícios do que já fui,
indícios do que serei.

sábado, 18 de outubro de 2008

Trocadilho da Vida

Se nos perdemos de nós é porque o mundo corre, a vida foge e o universo muda.
Se nos encontramos é porque os lugares se mantêm, as caras não mudam e a emoção permanece.
Quando nos vemos o conforto inunda, o carinho cresce e o amor floresce.

No mundo que corre és o meu lugar mantido.
Na vida que foge és a cara que não muda.
No universo que muda és a emoção que permanece.

No meu lugar mantido és o conforto que me inunda.
Pela cara que não muda o meu carinho cresce.
E a emoção que permanece é o amor que floresce.

No mundo que corre, teu conforto me inunda.
Na vida que foge, o meu carinho cresce.
No universo que muda, o meu amor floresce.

No mundo que corre, és o lugar mantido que com conforto me inunda.
Na vida que foge, tua cara que não muda, meu carinho faz crescer.
No universo que muda, és emoção que permanece, amor que floresce.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mundo ao meu mundo

Saudades daquilo que não tive... saudades de imaginação...
Saudades do que sonhei, de quem nunca existiu, saudades de algo inventado.
Como que uma realidade paralela, onde criamos o mundo no qual gostamos de viver, das pessoas que gostamos de ver e daquilo que gostariamos que se tornassem.
Saudades das aventuras que não vivemos, das viagens que não fizemos, das conversas que não tivemos, saudades daquilo que não fomos.
Saudades dos momentos não partilhados que vivi....
Enfim....saudades de nada...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Melodias Mágicas

Pois é, hoje lembrei-me que quando era bem pequena adorava caixinhas de música...

Parece que ao longo do tempo me fui esquecendo das viagens que fazia na minha imaginação, cada vez que ouvia aquelas músicas tipicas dessas miticas caixinhas....hummmm....tão bom.
Isto, porque passei algures, onde estava a passar essa leve e reconfortante melodia. Posso dizer que nesse preciso momento, senti um "nózinho" na garganta de uma triste alegria. Aquela sensação igual à que temos quando somos crianças e nos sentamos ao colo da mãe, depois de uma grande birra, e ela nos conforta com aquela voz que só ela tem.
É assim que me fazem sentir essas mágicas caixinhas que nos abrem portas à imaginação e nos fazem entrar no nosso eu mais profundo, que é o sitio mais confortável e certo onde nos podemos refugiar.

Bem, neste seguimento ocorreu-me um pensamento: "Vou coleccionar caixinhas de música!". O pensamento seguinte foi: "Ai, que infantilidade..!"
Mas porquê infantilidade?! Sempre é melhor que alimentar o lado fútil, na compra desapropriada de sapatos...!
Por isso, já sabem, se quiserem contribuir para a colecção (que ainda não se iniciou...) não tenham qualquer tipo de problema ou restrição....lol

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Restolho

"(...) Mas é preciso morrer e nascer de novo,
Semear no pó e voltar a colher.
Há que ser trigo e depois ser restolho,
há que penar p'ra aprender a viver.
E a vida não é existir sem mais nada,
A vida não é dia sim, dia não.
É feita a cada entrega alucinada,
p'ra receber daquilo que aumenta o coração (...)"

Mafalda Veiga

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pfuuuu

Crime, é a palavra do dia!
Ligamos a televisão é crime nos desenhos animados, crime no telejornal, crimes nas séries de TV, crime nos documentários...enfim, crime, crime, crime...
Depois abrimos o jornal e, lá está a palavrinha mágica: CRIME!
Tentamos comprar uma revista de futilidades no intuíto de gozar um pouco (clarooo!) e página central: "Pinhoca da Silva esmurraçada pelo enteado"....chocante!
Ligamos o rádio na esperança de passar aquela música romântica, bem a puxar o lamechas, e pimba: "notícia de última hora cafezinho do Sr Pancrácio assaltado por 40 macacos".

Acredito que as taxas de criminalidade tenham aumentado, mas será que os media também não estarão a por lenha na fogueira?! Não será natural que a taxa de criminalidade aumente, se de cada vez que se veja 5 minutos de Tv, passem 1000 imagens de violência, se de cada vez que se abre o jornal estejam 40 mil fotos de guerra, atentados e assaltos?!

Eu não tenho ideia de ver tantas imagens tão chocantes no telejornal como vejo hoje...é impossivel fazer uma refeição àquela hora macabra....ah, e se decidir jantar mais tarde ainda tenho a sorte de ver os milhentos episódios do CSI...hummm....faz-me lembrar qualquer coisa....CRIME!
Como podemos ser uma sociedade serena, cívica, pacífica, se mesmo quando já o somos, estamos a ser obrigados a ter crime contantemente nas nossas vidas?!
No minímo vão conseguir fazer com que aqueles que nada têm a ver com violência e que não a defendem, comecem a ponderar o suicidio, visto que assim não magoam ninguém e ainda se livram de uma vida cheia de crime e violência!

Ridículo!

Ipiranga

Não quero uma personalidade, quero várias personagens em mim. E se tiver que ter personalidade, que seja um espírito aberto, viajante de mim e do mundo!
Não quero ser uma, quero ser muitas e variadas! E que todas elas seja eu.

Que o universo em mim seja infinito, seja aberto, com áreas escuras, profundas, como grutas obscuras. Que tenha montanhas e vales mágicos, que só procurados se encontram e encantam! Que tenha planícies serenas e calmas, com um belo sol campestre. Que tenha áreas perigosas de rochedos e perigosos abismos! E que nestes entretantos me vá encontrando e reencontrando, de variadas formas e feitios!

Que esta viagem seja longa e surpreendente, porque por toda a minha vida, será por mim que irei viajar! Que me encante e desencante…que me surpreenda e me decepcione, serei sempre eu!
Que torne o mundo que me ofereço melhor e mais rico! Que torne os meus olhos brilhantes no meu olhar sobre mim!

Porque me quero libertar de mim. Não me quero tornar prisioneira de mim mesma, do meu coração, do meu pensamento. Não quero viver em mim, quero viajar por mim!!!
Quero experimentar todo o meu eu e não estacionar numa parte de mim.
Quero explorar todo o meu ser!